sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Pela primeira vez em três anos, inadimplência do consumidor abre o ano em alta

A inadimplência do consumidor registrou alta de 2,91% em janeiro de 2012, na comparação com o primeiro mês de 2011, segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Esta é a primeira vez em três anos que o indicador abre o ano já em alta, sendo que essa elevação já ocorre há 12 meses consecutivos, desde fevereiro de 2011, tendo como comparação mês contra igual mês do ano anterior.
Conforme avaliação da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a inadimplência alta neste início de ano é resultado direto de dois movimentos distintos. O primeiro, contracionista, visou desestimular o consumo interno e combater as pressões inflacionárias mais fortes nos primeiros meses de 2011. O segundo, adotado a partir do segundo semestre do ano, procurou reverter um quadro de baixo crescimento, em função da ameaça de contágio externo por conta da crise fiscal dos países da zona do euro.
Esses dois movimentos ainda devem continuar a exercer pressão nos dados do SPC Brasil. Dessa forma, a CNDL estima uma nova alta da inadimplência no ano, de até 2,5%, a segunda consecutiva após dois anos de queda, e uma elevação mais forte das vendas a prazo, que devem crescer cerca de 4,5% em 2012, ficando entre um ponto e um ponto e meio percentual acima do Produto Interno Bruto (PIB) do ano.

Vendas
Em relação às consultas no SPC Brasil, que refletem em certa medida o nível de atividade no varejo, janeiro apresentou alta de 4,72% ante o primeiro mês de 2011, a décima elevação seguida na mesma base de comparação, número que corrobora o otimismo dos lojistas para as vendas ao longo de 2012.
A comparação entre janeiro e dezembro, com forte queda de 30,3% nas vendas a prazo, é enxergada com naturalidade, uma vez que dezembro apresenta-se como melhor mês para o comércio em geral, com vendas mais altas em todos os setores e segmentos. Pesa ainda contra janeiro o fato de o brasileiro estar mais endividado em função de compromissos sazonais como gastos escolares e pagamento de tributos como o IPTU e IPVA.

Considera-se venda a prazo compras feitas com cheque ou no crediário.

Recuperação de crédito
Os números de cancelamento de registros, que dão medida ao nível de recuperação de crédito no varejo, foram negativos em janeiro, apresentando queda de 4,03%, ante o mesmo mês de 2011. Já a comparação com o mês de dezembro, sem ajuste sazonal, mostrou uma queda ainda maior nos cancelamentos, de 21,68%.
Normalmente, o maior volume de cancelamentos dos registros de devedores antevê um cenário aquecido de vendas, uma vez que o consumidor tem de estar adimplente para manter seu consumo nas compras a prazo. Nesse sentido, é natural que em dezembro as pessoas tenham procurado limpar o nome para conseguir consumir durante o Natal e ano novo.
 
Por: CNDL

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