De modo geral,
representantes de todos os setores produtivos acreditam que o corte de 0,5
ponto percentual da Selic, a taxa básica de juro, foi bem-vindo.
Entretanto,
especialmente para a indústria e a classe trabalhadora, o Copom (Comitê de
Política Monetária do Banco Central) deveria promover uma redução mais intensa,
para acelerar a retomada do crescimento econômico
Comércio: fôlego para o consumidor
Para os
representantes do comércio no Brasil, a redução da Selic começa a alterar a
história do País, que deixa de possuir o
juro real mais alto do mundo.
A CNDL
(Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), por exemplo, avaliou que a
redução dos juros básicos a 8,5% ao ano, é um importante passo para que o
Brasil consiga enterrar de vez o fantasma do juro real mais alto do mundo.
“Esse novo corte da Selic é um estímulo ao mercado doméstico, o que é boa
notícia não só para o governo como para nós, lojistas, porque com juros menores
efetivamente sobra mais dinheiro no bolso das pessoas para gastarem no consumo”,
afirma o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior.
De acordo com a
Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de
São Paulo), o corte vai ao encontro dos esforços que o governo tem empenhado em
reduzir os juros ao consumidor e, desta maneira, possibilitar um crescimento
interno sustentado pelo ciclo virtuoso de consumo das família, geração de
empregos e expansão da massa de rendimentos. Além disso, a redução da taxa de
juros dificulta o contágio da economia interna pela crise na zona do Euro.
A federação
acredita que ainda há espaço para o BC realizar novos cortes na Selic ao longo
do ano. “O fato de os juros estarem caindo desde outubro do ano passo sem que
se registrem pressões inflacionárias por excesso de demanda é evidência
contumaz”, complementa.
Para a ACSP
(Associação Comercial de São Paulo), a redução é positiva, mas ainda há cenário
para outras reduções.
“A decisão do
COPOM em sua reunião de hoje, de reduzir a taxa SELIC em meio ponto percentual
é positiva, mas esperamos que novas reduções ocorram, tendo em vista as
incertezas da situação internacional e o ritmo fraco de crescimento da
economia. Estamos certos de que o Banco Central continuará a monitorar o
cenário externo e o mercado interno e adotará novas medidas que venham a ser
necessárias para evitar a desaceleração das atividades econômicas. Devemos
reconhecer que o BC vem atuando de forma preventiva tendo, inclusive, se
antecipado às expectativas do mercado, quando iniciou o processo de redução das
taxas de juros”, disse o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP)
e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp),
Rogério Amato.
Indústria
acredita que ainda há espaço para novos cortes
Apesar de
avaliar como positiva a decisão do Copom, os representantes da indústria, de
modo geral, acreditam que ainda há espaço para novos cortes na taxa básica de
juros.
Ao avaliar a
redução da taxa Selic, a CNI (Confederação Nacional da Indústria), um dos
principais representantes da indústria, afirmou que o Copom (Comitê de Política
Monetária) acertou mais uma vez ao reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual.
“O cenário
externo adverso exige ações rápidas e estruturantes, e a redução dos juros é
componente essencial nessas medidas. No campo interno, a inflação está em
desaceleração, proporcionando ambiente positivo para uma política monetária
mais ativa”, diz a entidade.
Segundo a CNI,
os indicadores prévios do Produto Interno Bruto (PIB) mostram desaceleração do
crescimento em relação a 2011, ano em que a economia já não mostrou grande
desenvoltura. A indústria é a mais afetada pela queda na demanda externa,
sofrendo efeitos claramente perceptíveis: a produção industrial recuou 0,5% no
primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2011, e o segmento de bens
de capital, que sustenta o investimento, caiu 9% na mesma base de comparação.
A CNI assinala
que a redução nos juros barateia o crédito e, em consequência, contribui para a
retomada dos investimentos e o reaquecimento da demanda interna. É importante
que a essa redução se some maior austeridade nos gastos públicos, de forma a
não prejudicar o atual cenário inflacionário benéfico, conclui a entidade.
Consideração
parecida tem a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), a
Federação afirmou que a continuidade do processo de redução da taxa básica de
juros é condizente com a conjuntura internacional de baixo crescimento e
abundante liquidez, bem como com a recente trajetória de queda da inflação.
Este cenário deve persistir diante da falta de consenso em torno de uma solução
definitiva para a Zona do Euro, o que impõe ao Brasil a necessidade de adotar
medidas duradouras que vão além das anunciadas recentemente.
Segundo a
federação fato é que indústria brasileira não está crescendo, e assim o
desempenho do PIB deve seguir baixo. Neste sentido, o Sistema FIRJAN insiste
que a redução da taxa Selic deve ser acompanhada de um choque de
competitividade com vistas a reduzir os custos de produção e aumentar a
produtividade do trabalho. A redução dos encargos sobre a energia elétrica
poderia ser o primeiro passo nessa direção, afinal a tarifa brasileira é uma
das mais caras do mundo e mais que o dobro da média dos BRICS.
Na opinião de
Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo), o País precisa recuperar a competitividade.
“A queda nos
juros e o equilíbrio cambial são positivos, mas não podem ser as únicas
iniciativas em prol da competitividade brasileira. Produzir no Brasil é mais
caro do que nos EUA, em muitos países da Europa e nos nossos vizinhos da
América do Sul. Para corrigir essa distorção, são necessárias ações efetivas
que reduzam a carga tributária, diminuam o custo da energia elétrica e do gás,
melhorem a infraestrutura e a logística e eliminem o excesso de burocracia”,
declarou Skaf.
Trabalhadores
A Força Sindical
informou que com a nova queda na Taxa Básica de Juros, o governo dá um
incentivo para a economia que cresce em ritmo mais lento. No entanto esta
redução que acontece pela sétima vez seguida, é também um alento para fraqueza
industrial do País, que vem mostrando dificuldades em apresentar sinais consistentes
de crescimento.
“Entendemos que
o governo deve continuar reduzindo a Taxa Selic, combatendo, desta forma a
especulação, que é um mecanismo perverso que inibe a produção, o consumo e a
geração de novos postos de trabalho. A Força Sindical, na luta pela redução da
taxa de juros, continuará a fazer manifestações cobrando um País mais livre do
rentismo e da especulação financeira desenfreada, que infelizmente têm drenado
enormes quantidades de recursos essenciais que poderiam ser investidos em infraestrutura,
educação, saúde, moradia e transporte, que são vitais para o desenvolvimento”,
informou a Força Sindical
Na opinião da Contraf-CUT (Confederação
Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) a redução é um avanço importante
o corte de mais 0,5% na taxa básica de juros, conforme decisão do Copom nesta
quarta-feira (30), mantendo a trajetória descendente da Selic, que atingiu o
menor patamar da sua história (8,5% ao ano).
“No entanto, é necessário reduzir ainda mais a
Selic, de forma a aproximá-la dos níveis internacionais, e é inadiável forçar o
sistema financeiro nacional a baixar de verdade as altas taxas de juros, o
spread e as tarifas”, avalia o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.
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