SÃO PAULO, 23 Abr (Reuters) - O mercado financeiro reafirmou a previsão
de que a Selic será mantida em 9 por cento ao ano na próxima reunião do Comitê
de Política Monetária (Copom), em maio, mesmo depois de o Banco Central,
segundo alguns analistas, ter deixado a porta aberta para mais reduções.
As únicas alterações nas estimativas do mercado trazidas pelo Relatório
Focus do BC, divulgado nesta segunda-feira, foram feitas em relação ao crescimento
do Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com o relatório, os analistas
projetam expansão de 3,21 por cento no PIB em 2012, ante 3,20 por cento na
semana passada. Já para 2013 a estimativa foi reduzida, para 4,25 por cento, de
4,30 por cento.
O primeiro relatório após a decisão unânime do Copom, na semana passada,
de reduzir a Selic em 0,75 ponto percentual mostrou ainda que os analistas
preveem que a taxa básica de juros do país terminará o ano no nível atual de 9
por cento. A previsão para o final de 2013 foi mantida em 10 por cento.
O mercado agora espera que a ata do Copom, a ser divulgada na
quinta-feira, traga uma ideia mais clara de quais deverão ser os próximos
passos da autoridade monetária em relação à taxa de juros.
Uma das principais preocupações diante do cenário incerto envolve a
caderneta de poupança, que pode eventualmente impedir novos cortes na Selic, a
não ser que o governo mude a remuneração da aplicação.
O rendimento da poupança é fixado em 0,50 por cento ao mês, mais a
variação da Taxa Referencial, mas o aplicador é isento de Imposto de Renda. A
queda da Selic pode provocar uma migração dos investidores das aplicações em
renda fixa, que são remuneradas pela taxa básica, para a poupança, o que
causaria distorções no mercado.
A redução da Selic está em linha com a estratégia do governo de
estimular mais a economia e garantir o crescimento do PIB neste ano na casa dos
4 por cento. Com o barateamento dos custos dos empréstimos via Selic, o consumo
é estimulado e, consequentemente, a atividade.
INFLAÇÃO
As estimativas do Focus para a inflação apontam que o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechará o ano em 5,08 por cento, inalteradas
em relação ao relatório da semana passada. Para 2013, a expectativa é de que o
IPCA feche o ano em 5,50 por cento, também sem alterações em relação à semana
passada.
Para o IPCA em 12 meses, as projeções também não mudaram, permanecendo
em uma alta de 5,47 por cento.
A meta oficial de inflação é de 4,5 por cento no ano, com margem de
tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Em março, o IPCA subiu menos do que o esperado, com alta de 0,21 por
cento no mês e 5,24 por cento no acumulado em 12 meses, ante 5,85 por cento nos
12 meses até fevereiro.
Pesquisa realizada pela Reuters aponta que o IPCA em 12 meses deve subir
5,3 por cento no final de 2012 e 5,6 por cento em 2013, acima do centro da meta
do governo, de acordo com previsões de 35 analistas consultados.
A pesquisa da Reuters mostra ainda que a indicação dos analistas para o
PIB é de crescimento de 3,2 por cento em 2012 e de 4,3 por cento em 2013.
A taxa de câmbio prevista no relatório Focus para o fim de 2012 é de
1,80 real por dólar, a mesma do relatório da semana passada. Na sexta-feira, o
dólar fechou a 1,8695 real.
Por Camila Moreira
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