PARIS, 23 Abr (Reuters) - O mau desempenho do presidente Nicolas Sarkozy no primeiro turno da eleição presidencial francesa, no domingo, causou ainda mais preocupação entre investidores já aflitos com a capacidade europeia de gerir sua dívida pública, e isso se refletiu nesta segunda-feira em pressões sobre ações e títulos franceses.
O candidato socialista François Hollande ficou em primeiro lugar na votação, com 28,6 por cento dos votos. Sarkozy, com 27,2 por cento, se tornou o primeiro presidente em exercício a não liderar no primeiro turno.
A terceira colocada, Marine Le Pen, canalizou a insatisfação popular com o desemprego e o baixo crescimento econômico, conseguindo 17,9 por cento dos votos - melhor resultado já obtido por um candidato de extrema direita no país.
Os CDS (um derivativo de crédito) franceses com prazo de cinco anos tiveram alta de 8 pontos-base, cotados a 207, acompanhando movimentos semelhantes de outros papéis soberanos da zona do euro. O spread (diferença) entre os títulos franceses e os alemães, que balizam o mercado, subiram, e o índice da Bolsa de Paris CAC-40 caiu, embora ainda com um desempenho melhor do que o de nações "periféricas" da zona do euro, como Espanha e Itália.
A boa votação de Le Pen gerou temores sobre um maior apoio regional a políticos populistas antieuro, o que poderia abalar ainda mais o já frágil consenso a respeito de como gerir a crise da dívida nos próximos meses.
Na Holanda, a recusa do direitista Partido da Liberdade em aceitar novos cortes orçamentários deve derrubar o governo local, e fazia com que o índice mercantil local AEX operasse em baixa de 2,04 por cento às 10h09 (horário de Brasília).
"A novidade é a extrema direita, não só na França, mas na Holanda. Isso é mais preocupante", disse Dan Sayag, gestor de fundos da Amilton Asset Management, em Paris.
O apoio francês ao euro até agora é relativamente sólido, já que oito em cada dez franceses são favoráveis a que o país continue usando a moeda única, segundo pesquisa publicada em fevereiro pelo jornal Le Figaro.
O executivo-chefe de investimentos do RMG, Stewart Richardson, disse que o resultado eleitoral francês e a crise política holandesa podem criar uma "tempestade perfeita".
"Parece que o eleitorado francês foi mais contra Sarkozy do que pensávamos na semana passada, e por isso houve um deslocamento para a esquerda na França", afirmou ele, que qualificou as propostas de Hollande como "um passo bastante ruim para a Europa como um todo".
O índice CAC40 operava em baixa de 2,37 por cento às 10h09 (horário de Brasília). O resultado poderia ser ainda pior se o mercado já não tivesse se preparado nos últimos dias para a esperada vitória socialista no primeiro turno.
Por Christian Plumb
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