quarta-feira, 23 de maio de 2012

País registra saída de US$ 1,5 bilhão na parcial de maio, aponta BC


Somente na semana passada, US$ 872 milhões deixaram o Brasil.
Movimento de saída mais do que dobrou frente ao começo deste mês.
A saída de dólares na economia brasileira superou a entrada de recursos em US$ 872 milhões na última semana, segundo informações divulgadas nesta quarta-feira (23) pelo Banco Central. O movimento de retirada de recursos do Brasil, contabilizado entre os dias 14 e 18 de maio (cinco dias úteis), mais do que dobrou frente ao começo deste mês.

Se confirmada para todo o mês, será a primeira retirada líquida de recursos de 2012
Na parcial de maio, até o dia 11, US$ 639 milhões tinham deixado a economia brasileira, o que representa uma média diária de US$ 79,8 milhões.
Já na última semana, quando US$ 872 milhões saíram do Brasil, a média, por dia útil, somou US$ 174,4 milhões - um crescimento de 118% frente ao começo de maio. 
Já na parcial deste mês, até o dia 18, a saída de divisas da economia brasileira totalizou US$ 1,51 bilhão, segundo números do BC. Se confirmada para todo este mês, será a primeira retirada líquida de recursos da economia brasileira de 2012 – que acontece em meio ao aumento das tensões externas por conta de problemas para formar o novo governo da Grécia. A última vez em que foi registrada saída de recursos da economia brasileira foi em dezembro do ano passado (-US$ 1,94 bilhão).

Impacto na cotação do dólar

A saída de recursos no país, que foi registrada na parcial de maio, favorece o aumento do dólar, segundo analistas. Isso porque, com menos dólares no mercado, seu preço tenderia a ficar mais alto. No fim de abril, o dólar estava cotado pouco acima de R$ 1,90. Na quarta-feira da última semana, o dólar já havia subido para um valor próximo de R$ 2 e, hoje, por volta das 12h40, a cotação oscilava ao redor de R$ 2,07.
As informações do BC mostram que a cotação da moeda norte-americana disparou, no acumulado deste mês, mesmo com a quase ausência de compras por parte da autoridade monetária. Em abril, a instituição comprou US$ 7,22 bilhões no mercado à vista de câmbio, o maior valor deste ano, estimulando a alta da cotação do dólar no mês passado. Neste mês, até o dia 18, as compras de divisas pelo BC somaram apenas US$ 63 milhões. 
Ao contrário dos meses passados, a autoridade monetária, nos últimos dias, tem atuado para impedir uma escalada maior na cotação do dólar, por meio da oferta de contratos de "swap cambial" - que equivalem à venda de divisas no mecado futuro, com subsequente impacto na cotação à vista do dólar.
Uma disparada do dólar, segundo analistas, além de encarecer viagens ao exterior, também pode pressionar a inflação. Por outro lado, dólar alto torna as exportações brasileiras mais baratas e encarece as compras feitas no exterior - melhorando as condições de competitividade da indústria nacional. Nesta terça-feira (22), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, avaliou que o dólar alto seria "necessária" para melhorar a competitividade da indústria, mas também admitiu que este movimento traz "efeitos colaterais".

Acumulado do ano

Apesar de ter sido registrada saída de recursos da economia brasileira na parcial deste mês, os números do acumulado deste ano ainda mostram entrada de divisas. Na parcial de 2012, até 18 de maio, houve o ingresso de US$ 23,8 bilhões, com recuo de 47,7% frente ao mesmo período do ano passado (+US$ 45,58 bilhões).

Medidas do governo

A saída de dólares na economia brasileira aconteceu, em maio, após o anúncio de medidas pelo governo federal para impedir o ingresso de dólares na economia - com o objetivo justamente de elevar a cotação do dólar, proporcionando melhores condições de competitividade para as empresas brasileiras.
Em março, o Ministério da Fazenda anunciou a ampliação do prazo de incidência do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) de 6% para empréstimos buscados no exterior por empresas de dois para três anos. Posteriormente, o prazo de incidência do IOF majorado subiu para 5 anos.
O Banco Central, por sua vez, definiu em março que os exportadores que desejarem receber antecipadamente por suas vendas externas, nos chamados pagamentos antecipados (PA), deverão enviar o produto ao exterior em até 360 dias – limitando, assim, estas operações. Até o momento, não havia prazo formal para o envio.
Outros fatores que, teoricamente, também contribuem para "aliviar" o ingresso de dólares no Brasil, e, consequentemente, a pressão pela queda da cotação da moeda norte-americana, são as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa de juros. Recentemente, os juros básicos caíram, na sexta redução consecutiva, para 9% ao ano - o menor patamar em dois anos e perto da mínima histórica (8,75% ao ano).

Contas comercial e financeira

O fluxo cambial brasileiro possui duas contas: a comercial, na qual são fechados os contratos
de câmbio para operações de exportação e importação, e a conta financeira – que inclui as demais operações, como os investimentos estrangeiros diretos e os recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos e empréstimos tomados no exterior, entre outros.
Os números do BC mostram que o fluxo comercial continuou registrando entrada de divisas no começo de maio, quando, até o dia 18, US$ 3,68 bilhão entraram na economia brasileira. Ao mesmo tempo, porém, foi contabilizada a retirada de US$ 5,19 bilhões por meio da conta financeira na parcial de maio.
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