Somente na semana passada, US$ 872 milhões deixaram
o Brasil.
Movimento de saída mais do que dobrou frente ao começo deste mês.
Movimento de saída mais do que dobrou frente ao começo deste mês.
A saída de dólares na economia brasileira superou a
entrada de recursos em US$ 872 milhões na última semana, segundo informações
divulgadas nesta quarta-feira (23) pelo Banco Central. O movimento de retirada
de recursos do Brasil, contabilizado entre os dias 14 e 18 de maio (cinco dias
úteis), mais do que dobrou frente ao começo deste mês.
Se
confirmada para todo o mês, será a primeira retirada líquida de recursos de
2012
Na parcial de maio, até o dia 11, US$ 639 milhões
tinham deixado a economia brasileira, o que representa uma média diária de US$
79,8 milhões.
Já na última semana, quando US$ 872 milhões saíram
do Brasil, a média, por dia útil, somou US$ 174,4 milhões - um crescimento de
118% frente ao começo de maio.
Já na parcial deste mês, até o dia 18, a saída de
divisas da economia brasileira totalizou US$ 1,51 bilhão, segundo números do
BC. Se confirmada para todo este mês, será a primeira retirada líquida de
recursos da economia brasileira de 2012 – que acontece em meio ao aumento das
tensões externas por conta de problemas para formar o novo governo da Grécia. A
última vez em que foi registrada saída de recursos da economia brasileira foi
em dezembro do ano passado (-US$ 1,94 bilhão).
Impacto na cotação do dólar
A saída de recursos no país, que foi registrada na parcial de maio, favorece o aumento do dólar, segundo analistas. Isso porque, com menos dólares no mercado, seu preço tenderia a ficar mais alto. No fim de abril, o dólar estava cotado pouco acima de R$ 1,90. Na quarta-feira da última semana, o dólar já havia subido para um valor próximo de R$ 2 e, hoje, por volta das 12h40, a cotação oscilava ao redor de R$ 2,07.
As informações do BC mostram que a cotação da moeda
norte-americana disparou, no acumulado deste mês, mesmo com a quase ausência de
compras por parte da autoridade monetária. Em abril, a instituição comprou US$
7,22 bilhões no mercado à vista de câmbio, o maior valor deste ano, estimulando
a alta da cotação do dólar no mês passado. Neste mês, até o dia 18, as compras
de divisas pelo BC somaram apenas US$ 63 milhões.
Ao contrário dos meses passados, a autoridade
monetária, nos últimos dias, tem atuado para impedir uma escalada maior na
cotação do dólar, por meio da oferta de contratos de "swap cambial" -
que equivalem à venda de divisas no mecado futuro, com subsequente impacto na
cotação à vista do dólar.
Uma disparada do dólar, segundo analistas, além de
encarecer viagens ao exterior, também pode pressionar a inflação. Por outro
lado, dólar alto torna as exportações brasileiras mais baratas e encarece as
compras feitas no exterior - melhorando as condições de competitividade da
indústria nacional. Nesta terça-feira (22), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, avaliou que o dólar alto seria
"necessária" para melhorar a competitividade da indústria, mas também
admitiu que este movimento traz "efeitos colaterais".
Acumulado do ano
Apesar de ter sido registrada saída de recursos da economia brasileira na parcial deste mês, os números do acumulado deste ano ainda mostram entrada de divisas. Na parcial de 2012, até 18 de maio, houve o ingresso de US$ 23,8 bilhões, com recuo de 47,7% frente ao mesmo período do ano passado (+US$ 45,58 bilhões).
Medidas do governo
A saída de dólares na economia brasileira aconteceu, em maio, após o anúncio de medidas pelo governo federal para impedir o ingresso de dólares na economia - com o objetivo justamente de elevar a cotação do dólar, proporcionando melhores condições de competitividade para as empresas brasileiras.
Em março, o Ministério da Fazenda anunciou a
ampliação do prazo de incidência do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF)
de 6% para empréstimos buscados no exterior por empresas de dois para três
anos. Posteriormente, o prazo de incidência do IOF majorado subiu para 5 anos.
O Banco Central, por sua vez, definiu em março que
os exportadores que desejarem receber antecipadamente por suas vendas externas,
nos chamados pagamentos antecipados (PA), deverão enviar o produto ao exterior
em até 360 dias – limitando, assim, estas operações. Até o momento, não havia
prazo formal para o envio.
Outros fatores que, teoricamente, também contribuem
para "aliviar" o ingresso de dólares no Brasil, e, consequentemente,
a pressão pela queda da cotação da moeda norte-americana, são as decisões do
Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa de juros. Recentemente, os
juros básicos caíram, na sexta redução consecutiva, para 9% ao ano - o menor
patamar em dois anos e perto da mínima histórica (8,75% ao ano).
Contas comercial e financeira
O fluxo cambial brasileiro possui duas contas: a comercial, na qual são fechados os contratos
de câmbio para operações de exportação e
importação, e a conta financeira – que inclui as demais operações, como os
investimentos estrangeiros diretos e os recursos para aplicações financeiras,
além das remessas de lucros e dividendos e empréstimos tomados no exterior,
entre outros.
Os números do BC mostram que o fluxo comercial
continuou registrando entrada de divisas no começo de maio, quando, até o dia
18, US$ 3,68 bilhão entraram na economia brasileira. Ao mesmo tempo, porém, foi
contabilizada a retirada de US$ 5,19 bilhões por meio da conta financeira na
parcial de maio.
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